26 de novembro de 2008

Ingênuo protesto

Que eu não saiba exatamente o que é liberdade... Sei, contudo, o que ela não é.
Resposta bem-educada ao seguinte comentário:
"O dinheiro traz liberdade. Um pobre nem entra num restaurante, alguém que tem um pouco mais de dinheiro escolhe o prato pelo valor e um rico sequer consulta o preço. Ele é livre para escolher o que bem entender."
Eu me pergunto, será então o consumo um sinônimo de liberdade? A resposta é óbvia: não!
E digo mais, se fôssemos capazes de diminuir as frustrações causadas pelo estilo de vida capitalista, com certeza, isso diminuiria nossa vontade de consumir. Sem os desejos superfluos, estaríamos livres para trabalhar cada vez menos nas coisas que não servem senão para sustentar nosso vão apetite consumista... Livres para nos descobrir, livres para sermos nós.
Eu quero escolher coisas mais importantes que o prato mais caro, a roupa da estação, o carro do ano...
Henry Miller, fala sobre trabalhadores imersos na inércia cotidiana, em Sexus:
"Eram apanhados pela engranagem desde o nascimento e continuavam presos até a morte; e tentavam dignificar esse ramerrão chamando-o de "vida". Se você pedisse a algum deles que explicasse ou definisse a vida, qual era o fim e o destino das coisas, receberia apenas um olhar vazio em resposta."
Que cada um recuse a prostituição de suas aptidões e desejos mais profundos em prol dessa noção distorcida de liberdade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Acho que além de se confundir liberdade com consumismo, há o equívoco de se achar que liberdade é puramente a satisfação de vontades. Fazer exatamente o que quiser, na hora em que bem entender, não significa ser mais livre. Significa menos responsabilidade, um valor que, me parece, vem sendo esquecido a cada dia, apesar de toda sua seriedade. Não se cultiva mais a responsabilidade com os outros nem com o meio ambiente em que se vive. Com facilidade acredita-se nesse conceito distorcido, em que conservação é contra a liberdade por contrariar vontades, e o peso da responsabilidade é cada vez menor, já que assim mais confortavelmente convém.

Anônimo disse...

Infelizmente, o que está acontecendo é exatamente isso: as pessoas são imediatistas, não tem a responsabilidade com o futuro, nem do seu próprio e nem do meio ambiente, achando que tudo se regenera. O que dizer de "um presidente da república" que diante de uma crise internacional grave, vai a televisão e incentiva o povo ao consumo, como se isso fosse o símbolo de liberdade financeira de um povo? "E agora José? Será que a festa acabou?

Unknown disse...

Liberdade é conhecer-se e, apos isto,amar-se, qualquer que tenha sido o resultado do autoconhecer-se.

Lou disse...

hm... espero que o resultado seja no mínimo responsável... quero dizer, espero que ninguém chegue a conclusão que para si ser livre é consumir inconseqüentemente, ou subjulgar os outros indívduos e com isso descanse em paz. ;)

Tiago Magalhães Bisconsin disse...

o título faz jus ao texto!